quinta-feira, 8 de abril de 2010

Asneiras n° 5

Ouvi dizer uma vez, que quando temos aqueles chiliques de arrumação (no meu caso, no meu quarto) é quando mais estamos precisando de mudanças em nosso espírito e coração. Então tá, vai. Ultimamente ando muito perfeccionista em relação ao ambiente que durmo. Que bom pra minha mãe. O consciente dela sempre agradece que eu sei. Ok. Eu estava num dia desses, meio que em colapso acidental, completamente distraída e sem animo nenhum para meter as caras nos livros. Acreditem, eram 00:00 hrs (exatamente!) de uma quinta-feira, um horário em que muitos já estavam preparados pra dormir ou já dormindo. Tenho problemas de insônia que eu própria diagnóstiquei por conta de um vício de virar madrugadas de sextas, sábados e domingos em frente ao um computador, que resultam numa rotina de deitar tarde durante os outros dias da semana. Geralmente no final das noites é que eu costumo estudar, assistir televisão e falar no celular. Eu até que tava na intenção de resolver umas contas matemáticas e ler sobre a Grécia antiga. Só queria um lápis. Eu lembrei que precisava de um lápis. Resolvi abrir aquela portinha em cima do meu guarda-roupa. No mesmo instante meus pés ficaram cobertos de papéis escolares, meus jogos antigos, gibis... Uma completa bagunça. Abri umas três caixas atrás do "tão necessário lápis". Abri uma em que eu chamava de "caixa para guardar lembranças". Tinha uns 2 anos que eu não mexia ali e tinha esquecido até o que tinha dentro: camisas com assinatura dos meus colegas de classes antigas, um frasco de perfume vazio (que foi o último presente que ganhei de my Dad) e fotos e cartas. Sensação boa. Sacudi a poeira, virei aquele álbum de página em página e cada vez me surpreendia com o filme que se passava em mim. Fotos da minha 6ª serie, eu acho; Idade que eu era uma anãzinha e me achava a garota mais alta e super cabeça do mundo e eu acreditava que as pessoas já me viam como gente grande. Fui uma criança besta, rs. Lembrei que era uma época boa, apesar do meu velho cabelo prendido no rabo-de-cavalo e aquela cor amarela num-sei-o-que que eu achava da moda. Fui muito, muito feliz! Eu reclamava de tudo e achava as coisas bem chatas, mas hoje deu pra eu perceber o quanto eu aprendi a ter alegrias na vida! Depois, fui mais além: abri os pedacinhos de papel colorido que existiam embaixo de tudo ali, lá no fundo da caixa. Eram cartas. Li de uma por uma e por um momento parecia que eu não tinha crescido, sabe? Parecia que muitos daqueles remetentes não tinham saído da minha vida e eu me senti querida como no dia que recebi. Palavras e sentimentos que foram escritas à muito tempo, alguns à 9 anos, e que tinha o mesmo pedido em quase todas: "nunca esqueça de mim". Consegui cumprir a promessa! Por incrível que pareça, eu lembro do nome e do rosto de muitos amigos de infância, de muitos que tiveram do meu lado quando eu ainda só sabia rabiscar círculos e retas em um papel, quando eu não sabia nem ler e escrever. Juro! Coisas que significam muito pra mim, bem mais do que antes. Alguns tinham poemas, outros desenhos, outros foram em dias de aniversário e outro ainda era uma despedida (esse último foi um dos que mais me emocionou). A cada letrinha que lia, involutáriamente vinha acompanhada com um sorriso. Tive vontade de pegar o telefone e ligar pr'aquelas pessoas ali só pra dizer um "oi" ou contar o que tinha acontecido, mas nem todas eu tinha nem mais o número e nem sabia onde ou que cidade estavam. Pessoas que construíram minha infância e hoje eu só acompanho pelo orkut ou msn, sei lá. É meio triste só guardar lembranças. Outro dia ainda assisti minha fita de "Doutora do ABC" e não me contive e caí em lágrimas sinceras de felicidades e saudades. O que estarão fazendo essas pessoas que eu um dia tive como maiores amigos que abracei e jurei nunca perder contato? Fui mais além ainda e abri as fotos de quando a coisa mais importante do mundo pra mim eram minhas bonecas. Eu criancinha, de vestidinho. Depois, fotos de quando eu ainda desfilava. Mudei muito. E naqueles anos em que achava que já sabia tudo que tinha que saber dessa vida, era quando mais estava prestes a aprender. Mas se me perguntarem se eu queria poder voltar atrás pra fazer tudo diferente, minha resposta é não! Foi exatamente como tinha que ser e foi. Coisas lindas, momentos maravilhosos. O bom é que sem dúvida restam só a tal da saudade. Que bom, meu Deus! Que bom! Que bom porque essa é a minha certeza de que o que passou, valeu tanta a pena que eu pude lembrar de tudo que aconteceu e sentir falta, e se tem uma coisa que aprendi, é que a gente só sente falta daquilo que foi bom de verdade nas nossas vidas. Olhem só tudo que um simples lápis me fez lembrar! Naquela noite, como em outras que tive recentemente, me deu uma vontade de fazer nada e resolvi procurar algo de interessante pra fazer, ai vem a vida e me joga lembranças. Mas foram minutos muito, muito bons! Acho que vou mais vezes procurar "lápis" nos meus dias. Beijos.

Um comentário:

Sarah Rúbia disse...

adoro suas 'Asneiras' :D sério, tudo parece tão familiar *-*

muito legal tudo o que um lapis de te fez lembrar, redescobrir. e com certeza sua infância, assim como a minha, deve ter valido muito a pena, já que lembranças boas não nos falta, lembranças dos tempos que foram realmente bons *-*

muito lindo, senti até vontade de abrir a minha caixinha de lembranças *-*

bjs.